A FÁBULA DA IMPLACÁVEL MATADORA DE PICAS BURGUESAS E... IMBECÍS MESMO...

Do dia que o Shuin apareceu batendo na minha porta pedindo para dormir um pouco, jazz-ia uns 20 dias.

Nos tres primeiros dias o cara dormiu direto por 22 horas. Tava de fato podre de canseira. Eu pulava da cama pra descer para a Fábrica e o via feito uma pedra dormindo enrolado nos cobertores em cima do colchonete que ficava no chão ao lado da minha cama. Nem adiantava tentar acorda-lo. Quando voltava as 18:30, 19:00 horas, chegava no apê e encontrava o cara dormindo ainda. Via das dúvidas, colocava um espelinho na sua boca;

“Ta respirando. Beleza, ta vivo..” - Pensava eu.

E assim foi. Virou uma rotina:

Eu chegava em casa, porta aberta e la estava o Shuin caretão, varrendo o chão, fazendo faxina, limpando aqui, alí, lavando louça. Então chegou o dia dele cair fora; Da cozinha onde eu estava, vi o cara vestindo a calça velha, uma camisa de flanela toda suja, tenis fudido... CARALHO! Na City num é lugar de se ter sentimentalismos mas é foda...

“Ah que se foda... Enquanto você não precisar fazer a correria Shuin, vai ficando aí...”

E assim, quase foi...

Claro que o filho da puta fazia os corre dele! Passava papelote de cocaína nos corredores do hotel, fodendo com o negócio da Gorda. Quando descobri, eu até ia dar umas porrada no Shuin. Aí lembrei que ele estava fudendo a gorda... “Ta certo; Mas agora miou, japa! Se fizer o corre aqui de novo ce ta ligado que a ripa vai comer pro seu lado!!”

“Porra poeta desculpa ae, mano. Mas é que a compra era boa e piou uma grana de responsa. Inclusive te comprei de presente esse Old Park aqui ó...” - E me deu a garrafa de uisque:

“Sei. Do Pelão???”

“Nãaaaaaa mano. Esse ae tem até a sainha de escocês mesmo. Já abre ele; Vamo socar um belo de um Stooges nessa pick up e encher a cara...”

E assim passava os dias. Shuin la, dormindo, limpando a casa, ouvindo musica, vendo filme, vez em quando fudendo o negócio de pó da gorda. Fazia muito frio naqueles dias mas era de lei, o combinado era o seguinte;

“Dia que eu for trepar ce vaza Shuin...”

“Ma caraio vou pra onde??”

“Eu deveria dizer, pra puta que pariu... Mas já troquei idéia com o Toshio e no dia tu vai dormir nos quartinho la do teu patrício...”

“Porra véio...”

“Ô caralho Shuin! Ce quer trepar junto comigo e a muié? Quer filmar??”

“Ah... Se pá da uma grana né??”

“Ah tomar no teu cu! Ta definida a porra; Eu trepo, você vaza...”

“Ta... Mas então ce deixa eu fazer uns correzinho pra levantar um troco né mano? Como vou pagar o Japa?”

“Caraio... Ta. Mas cuidado com a Gorda!”

“Fechou”

Seguimos assim. Teve o dia que cheguei e a porta tava fechada. Saquei minha chave e abri. Quando me viu o japonês, correu ansioso em minha direção:

“Corre véio, vem ver”

“Ver o que?”

“Corre aqui na janela, Poeta...”

Fui. Vi uma BMW zero bala na frente da boate. Reconheci:

“Não é o carro do Paraíba lá do desmanche Shuin?”

“O Tinuca. Filho da puta ta só nas emoção, Poeta. Se montando na grana, atravessando o negócio da área dos negão. Vagabundo rouba carro, os negão paga 1000 pratas por carro, ele ta pagando 3 conto. Quando a negaiada pegar...”

“Ta, ta, sei... Ma que porra o cafonão ta fazendo aí??”

“Espera que ce já vai ver...”

“Ah vai te fuder, vou tomar um banho...”

“Ah lá poeta, se liga!!!”

Voltei pra janela e vi; Tinuca era daquelas idiotas que ganhavam uma grana e queria porque queria deixar claro que tava de bolso cheio. Saiu da boate, cercado de leão de chacara, com sua indefectível camiseta estampada com todos os tipos de frutas possíveis... avermelhada e suas calças coro preta, sem falar nas botas bicudas e umas 8 corrente de ouro no pescoço. E anelão nos dedo, pulseira... Paraíba andava mais enfeitado que penteadeira de puta. Em seguida, veio ela; NEUSONA.

“Ih caraio... qualé Shuin??”

“Hahaha... Paraíba ta apaixonado, rapá!!”

“Ahhhh num creio....”

“Olha lá rapá; Se liga na negona, cheia das jóia, penacho esticado, pagando de carrão importado e até motorista!!”

“Ixiiii malandro, imagina quanto isso deve custar? Fora a noitada da puta né??”

“Pra ele isso é merreca, mano . Agora, ele deu de tudo mas olha lá a veste da criola, Poeta; Ta faltando pano alí naquela saia num ta não??”

“Nada Shuin, num é pano que falta; É rabo que sobra....”

Rimos muito e o caso, bem; Conta aí...

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