9.5.10

HARY CALLAHAN NÃO DORME O SONO DOS JUSTOS NA CITY...

















Sacou do enorme molho de chaves, escolheu a certa e abriu as portas:

Entra aê poeta...”

Entrei ouvindo a gorda me xingando do outro lado da rua. Pelão veio em seguida, fechou a porta e passou a chave pelo lado de dentro. Tava cedo. Caminhamos para o fundo da boate em direção ao balcão de mármore do bar. Negão chegou, tirou a sua novemeióta, pretona, linda, pente adaptado pra 15 balas e colocou a danada em cima do balcão. Deu a volta no mesmo, acendeu as luminárias. Aquele bar, acho que era a única parte bonita da City. Criolo cuidava. Tinha a Boate Xangai e o Bar da Boate. Alí era outra coisa. Pelão fazia gosto em manter aquilo bonito...

Que vai ser, poeta?”

Porra Pelão... To querendo ficar saindo muito não. Rola umas 5 garrafas?”

Qual tu prefere?”

Tem diferença??” - Perguntei sacaneando:

Ahhhhhh tomar no teu cu, poeta! Já num te falei que meus uisque são classe “A”. Chega vem até com a sainha, de tão “iscoceis”...”

Dei risada e falei:

Ta bão Pelão... Quanto custa 5 Dimples?”

Qualquer 100 conto, daqui um mês, ce me paga”

Orra Pelão... 80 ta justo hein??”

ÔÔÔ Poeta... Tu aceita logo a oferta, que tu vai me pagar daqui um mês, se me encher eu cobro juros...”

Taaaaaaaa... Baixa essas porra então...”

Com o pegador de garrafas foi pegando uma a uma do alto da enorme e linda estante de bebidas. Colocou as 5 garrafas de Dimples no balcão:

Taí, poeta...”

Beleza Pelão. Tem uma sacola ae?”

Porra de sacola rapá?! Ta pensando que isso aqui é mercadinho??? Se vira mermão, carrega essa porra debaixo do braço. Compra fiado e quer tratamento “faive istarss”

Era muito engraçado:

Qualé o inglês ae, Pelão? Manda aê de novo...”

Faive istarsss...”

Eu me acabava de rir...

Gostou da catega do criolo, Poeta? Aprendi ontém com uma gringaiada ae...”

Po... Ta lindo! Chega parecer um lord inglês, negão! Aprendeu bem...”

Rimos juntos. Ele foi na geladeira, sacou de uma serra malte, baixou um copo do rack em cima do balcão, abriu, serviu o copo e empurrou em minha direção. Pegou seu banco que ficava atrás do balcão, sentou, me olhou e perguntou:

Qualé poeta? Parada é essa de ficar trancado naquele hotel? Ta usando aquelas merda de novo??”

Nem... Não tenho mais saco pra isso não, Pelão. Deu minha cota”

Então que porra tu tem? Faz quase um meis que não te vejo! Última vez foi quando tu veio pagar sua conta. Achava que tu tinha vazado feito teu amigo aí, uns 10 dias atras fiquei sabendo que tu tava carambolado nesse hotel... Vai virar caramujo, caralho?!?”

Eu ri de novo...

Nada, caraio...”

Poeta tu fez merda?!!”

Ah Pelão... Qualé maluco?! Você parece que não me conhece...”

Conheço. Muito mais do que você gostaria, eu te conheço. Por isso to perguntando... Diabo atenta, rapá! Fez merda? Deu “saudade” da vida loca? Que tu fez?”

Ô caralho... To te falando Pelão; To de boua velho. Sei lá... Me deu vontade de ficar deitado... Vou fazer o que nessa porra dessa City?? Me fala...”

Eu num falo nada Poeta. Só ouço. E assim “ouvi” que aquela riquinha do zóio claro tava internada aí contigo uma rapa de dia. Mermão, mermão... Tu sabe que ela é da parte rica, do lado lá e na City, quem mistura raça é criadô de pastô belga... Tu sabe que isso da merda...”

Peguei o copo tulipão de cerveja, dei uma golada digna, limpei o beiço com a mão e respondi falando baixo:

Pelão eu só to falando disso contigo pela consideração. Mas ce ta ligado que eu não gosto de dar entrevista! Mas tá... Porque eu não posso trepar com a mulher que eu quero? Então além de morrer dia a dia nesse lugar, até a buceta que eu vou chupar é a City que tem que escolher? Não vou fazer mais nada que eu quero???”

Você faz tudo que você quer, Poeta. Aqui na City ce ta ligado que ninguém ta nem aí pra ninguém, não tem “papai” pra aconselhar, porra nenhuma. To te dando essa letra justamente por causa dessa consideração que tu citou. Que porra te deu? Tua ia matar a Gorda, ta louco porra???”

Ah se fuder! Essa porra me enche o saco! Não troco duas palavra com ela, porque a desgraçada quer assuntar minha vida...”

Ela ta pouco se fudendo pra sua vida! Do mesmo jeito que tu num ta nem aí pra ela. Mas tu sabe que a Gorda num é vassala. Essa desgraça tem esquema com ladrão do conceito, com policia caô, o diabo! Fora a michezada dela que vai ir pra cima de você! Qual vai ser? Vai voltar sentar o dedo? Já não te falei que teu negócio num é crime, é letra! SOSSEGA SENTANDO O DEDO NAQUELA PORRA DAQUELA MÁQUINA DE ESCREVER, CARALHO!!”

Enchi meu copo. Dei uma golada, cruzei os braço em cima do balcão. Descruzei um deles pra passar a mão na cabeça, olhei pro Pelão e falei:

Sei lá, brother. Não to legal. Essa City ta me matando...”

Poeta quando tu te juntou com aquele teu amigo músico eu achava que num ia virar nada. Quando vi que rolou, descobri porque deu certo; Vocês não tem nada a vê um com o outro...”

Ih caraio... Agora você que ta viajando, Negão...”

Ele passou aqui antes de viajar, sabe? Veio, tomou a cerveja dele, me pagou, conversamo um tanto. Depois subiu, comeu a puta dele, sussa, tranquilão. Desceu, tomou mais algumas... Cara é esperto, Poeta. Macaco velho, só vai na boa, não mete a mão em cumbuca... Gosto do barbudo Cara-Feia...”

E aí? Que eu tenho a ver com a paixão de vocês? Então qualé? Diferente em que...”

Poeta; Tu também é esperto, ligeiro, sacado. Mas tua linhagem é outra mermão, tu foi bicho solto, sangue no zóio. Era diferenciado, gostava mais de livro e disco véio do que de grana... Mas era virado no satanás! Tu conhece os dois lado da parada. Sabe melhor que todo mundo que o diabo atenta, ele é foda! Da um vacilo, tu vai voltar pra tua origem. Tem que te segurar rapá. Num tava na estrada, no mundo? Porque não faz como o teu amigo lá? Some um tempo, voltou porque? Cheiro de buceta é foda né poeta? Busca o vagabundo lá longe...”

Vai te fudê, Pelão...”

Ele riu, encheu meu copo, foi até a geladeira, abriu outra cerveja e deixou do meu lado. Pegou sua novemeióta, deu um confere no pente e meteu na cinta. Falou-me:

Não era hora de arrumar essa criaca com a Gorda, Poeta. A ripa ta comendo feia, chicote estalando legal aqui. Tu vai ter trabalho que não precisava ter. Ainda mais agora, depois dessa merda que rolou com Zeca Alicate.”

O Zeca? Qual foi? Que aconteceu com ele??”

Antes de responder, ele ligou o rádio...

A BALADA DE ZECA ALICATE by...






















5 comentários:

Erika disse...

a gostei dessa nova forma de postagem. Fica mais organizado e sim, mais claro que o The Vox é parte do texto que aliás, ficou muito bacana. Um texto quase que todo em diálogos! Muito bacana. E o nome... A BALADA DE ZECA ALICATE é muitoooo bommm! E o the vox manda bem demais. Agora, to vendo que chegou mais um para o time! Hummmmmm... Estão aprontando. Quem bom! rsrsrsrs

bj

Carol disse...

Ahhhh, agora ta chique mesmo, hein??? A postagem, casando com a locução no final... sei que é frescura mas dessa formaé mais fácil pra sacar a idéia que se quer passar. Muito bom o texto e ambiguidade do personagem Poeta. É meio doce, meio amargo, pacional. E as trilhas do The Vox, umas maravilhas!!

Lucas disse...

Galera, muito du caralho essa parada ae da fitinha como player para o The Vox. Tem muito a ver com o cara. Agora vcs me desculpa a ignorancia mas fiquei na duvida aqui; No flyer é o Muddy Waters ou aquele sambista Brasileiro cujo nome infelizmente me foge agora? Um que canta bandeira branca, sabe? Uma merda eu não lembrar o nome dele por isso pergunto. Vcs podem me falar por gentileza?

um abraço e obrigado pela resposta ao meu comentário anterior

Tinho disse...

Ixi o bicho ta pegando forte ein? nossa senhora e o mano surtou ia dar um sacode na Gorda sem saber das parada toda ta vendo só. Precisa ficar esperto maluco. muito da hora esse texto e a balada do zeca alicate. Mó lição mesmo. ó o lucas ae! mano tem nada de agradecer irmão tamo junto ae nos corre e nas letra fechô?

abraços

A FABRICA... disse...

hahaha... Grande Lucas, que bom te-lo aqui meu caríssimo. Olha que não da pra dizer que vc "errou" porque depois do seu comentário saquei que rapaz... É parecido mesmo né?? Mas não Lucas esse é outro grande é o que vc não lembrou o nome. Anota ae pra vc baixar uns cd's dele; ZÉ KETI é o nome do homem da foto.

Carol a única ambiguidade que deve ter o Cox é se ele for viado e não tiver contado para gente;

Erika a gente não apronta nada. Somos praticamente tres celibatários.

Tinho o bambu quebrou no meio geral mesmo, irmão. Va seguindo ae

Galera muito obrigado!