30.4.10

DE FRENTE COM O SATANÁS E DUAS GOTAS DE SUPER BONDER...
































Calor do cão!

Cinco da tarde, acordei todo suado, grudento. Cansaço da viagem. Dormi um sono, daqueles sem vontade de acordar ou, pelo menos, de acordar em outro lugar diferente dessa porra dessa City. Fui no banheiro, lavei o rosto, olhei para o espelho. Tava barbudo. Uma barba bem preta, cheia. Nem percebi ela crescendo. Sequei o rosto, voltei pro quarto...

Dei uma sacada e vi um punhado de grana em cima da escrivaninha. Nem deu tempo de me animar e já me lembrei que era a verba que devia pro Pelão. Pra sofrer mesmo, contei; Deu 370 pratas. “Porra, 370 conto de uisque vagabundo... To bebendo pra caralho!” - Pensei. Mas logo em seguida, pensei também; “Que se foda”. Meti o tenis no pé, dei um confere na janela, vi que a boate já estava meia-porta. Significava que o Pelão tava lá. Botei uma camisa, peguei o maço de Camel e desci.

Na porta, la veio a Gorda.

Toma cuidado hein cara-feia? O bichu ta pegano...”

Nem dei atenção. Porra de tramela do caralho, a Gorda fala muito! Atravessei a rua sem prestar atenção. Não vi os bicho solto do outro lado, saindo da boate. Estranhei. A rapaziada que comandava as bocas e o crime na baixada da City, junto com os bicho solto aqui da parte de cima. Todo mundo rindo a larga. De frente saiu Zeca Alicate. Ladrão ruim, comandante da ação, criminoso natural, era na frente do crime na área de cima. Bandido do conceito, respeitado na alta escala do crime. Na City não se da meia volta; Segui meu caminho. Quando cheguei ele e seu dente de ouro vieram em minha direção:

Olha ae... Nosso poeta voltou! Qualé rapá?”

Beleza Zeca? Tá tudo nos conforme...”

Bão assim né? Poeta, conhece a rapaziada do conceito? Essa é a galera da correria na parte baixa, esse é Chiclete...”

Chiclete.

Não gostava da cara desse sujeito. Todo engomado, bonzinho, educado, considerado pela sociologia moderna “ladrão diferenciado”. Mermão... Sociólogo conhece o Max Weber. Mas não sabe porra nenhuma do crime!

Você olha no olho do cara e saca se o elemento é da maldade ou não é. E ladrão é ladrão! Tem nada de diferenciado, não... Você olha no fundo do olho do cara e já saca qual é a dele. Mas no olho desse tal Chiclete, não conseguia se ver nada. Eu sabia que ele tinha altos esquemas, uns planos em cima e que era respeitado mas sei lá... Ele não era o tipo do cara que eu dividiria uma Serra Malte.

Cumprimentei todo mundo, uns 6 caras. Tudo no respeito. Zeca tava entrando no Chevelle 72 quando da porta ainda me falou:

Então poeta; Não ta precisando de nada mesmo? Faz tempo que você não da um lucrinho pros irmão...”

Não, obrigado Zeca. To mais nessa vida não...”

Ele gargalhou alto. Entrou no carro. Chiclete entrou por último, me encarando com um risinho de filho da puta no rosto, Entrei na boate. Visão do inferno! Cadeira pro alto, em cima das mesas, chão imundo, cheio de bituca de cigarro, bebida derramada, fedor do cão...

E aêêê... Nosso poeta voltou!!” - gritou o Pelão la do bar, no fundo da boate:

Porra de poeta o caraio, Pelão...” - Respondi desviando do lixo. Cheguei no bar, onde Pelão dava num trato naquele lindo balcão de mármore:

Firmeza Cara-Feia? Vai sentando ae”

Tamo ae Pelão...” - Respondi apertando sua mão.

Criolo tava de redinha no Black. Parecia uma copa de arvore o cabelo do criolo. Um black trabalhado mesmo. Mas quando ele punha aquele redinha vermelha no quengo era foda de segurar a risada. Só não soltava porque eu sabia que se o fizesse ele me dava um tiro na cara...

E aí? Tava nas Zoropa, Cara-Feia??”

Sei lá onde eu tava, onde eu to, Pelão. Então velho... - Meti a mão no bolso e saquei da grana – Ta aí o que te devo do mês, Pelão.”

Negão abriu um sorrisão bonito, dente brancão, reluzente. Mandou:

ÔÔÔ Cara-Feia, ae Pelão fica feliz! Xo guardar pra dar esse pros neguinho comprar um doce, né? E o que manda Cara-Feia? Sem novidade??”

Novidade pelo que eu vi tem aqui né Pelão? Qualé dessas alegria ae entre os bicho solto, mano? Cara daqui, cara da baixada...”

Negão foi até o freezer, pegou um Serra Malte bonita de gelada, um copo e voltou rindo. Abriu a cerveja, encheu um copo, empurrou em minha direção e falou:

É a paz entre os homens, Cara-Feia. Tu num viu o Papa falando? Temo que viver em paz...”

Ah tá... To sacando qualé a dessa paz... Vou dormir nesse barulho, tá?”

Ele gargalhou com gosto:

Cara feia é o seguinte; O que ta deixando eles tudo alegre eu num sei. E é bom tu não saber também que teu negócio não é crime é letra. Só sei do seguinte, quando eles tão alegre eu fico alegre também. Os negócio rende, os neguinho come uns doce a mais e você não vai pagar as cerveja que tu tomar hoje. Não ta bom assim??”

Sei não Pelão. Fico agradecido pelas breja. Um brinde ao senhor, Lord Black...”

Lord black é a infeliz que te cagou no mundo, seu puto... EU SOU O PELÃO!!”

Rimos juntos. Não dá pra dizer que éramos amigos mas eu gostava do Pelão e sabia que de uma forma ou outra, ele tinha lá algum apreço por minha pessoa. Também sabia que ele tava todo alegrão porque deveria ter feito a boa com os cão. Criolo mandava na noite. Vagabundo comia uma puta, queria cheirar na boate? Era ele quem fornecia o pó e era do bom. Ladrão precisava de um canhão frio? Procurava o Pelão. Ou seja; Pra ele fornecer, alguém tem que passar a mercadoria... Bom, segui tomando a cerveja. Depois de uma boa golada, virei pro negão e mandei:

Pelão que ce acha desse Chiclete? Sei lá... Cara estranho né não?”

Ele arrumava umas taças no porta copos em cima do balcão. Ficou uns segundos em silêncio até que virou, me olhou nos olhos e falou:

Cara-Feia, chiclete que eu sei, gruda e eu não gosto. Isso é só o que eu sei.”

To ligado, Pelão.”

Matei a cerveja ele botou outra na camaradagem, era o que tínhamos a fazer. Nada mais precisava ser dito...

27.4.10

A VOLTA DA INCANSÁVEL ORDEM TEMPLÁRIA DA SEITA DO ALL STAR DE SOLA GASTA...























De dentro do trem já sinto o cheiro de carbono, misturado com enxofre, com mijo... O céu é cinza, nem urubu encara. Os mesmos rostos de zumbis derrotados andando pra lá e pra cá, cada qual atras do seu vagão da morte; Era a volta para a City.

Não sei quantos dias fiquei fora. Não lembro o nome das vadias que andei, dos lugares onde fui, dos bares onde tomei meus inúteis porres. Pra mim o tempo não existe. Nada mais existe de fato. As coisas são todas descartáveis. Não sei porque mas, apenas dou um jeito de ficar vivo. O trem para. Desço.

Troca de cotoveladas de lei; Quem entra empurra quem sai e quem sai, passa por cima de quem quer entrar na porra do trem. De algumas conveniencias eu gosto; Mirei um e desci o braço. Pronto; To mais ou menos vingado. Vingado...

Saí da estação e andei rapidinho. Na baixada... Não é minha quebrada não é bom ficar de vacilo. Subi a rua do cemitério. Nas antigas, era um lugar chique. Agora era lixo a céu aberto e o cheiro insuportável me ajudava a andar rápido. Ainda havia na cidade um território habitável; A área dos 15 bacanas que sobraram após a decadência. Era campo minado. Quem era da quebrada não entrava alí. Muito menos namorava suas filhas. Era a lei da pedra na City. E eu idiota acreditei que ela ia encarar...

Parei num boteco, já na minha área... La estava eu, me pegando em lembrar daquela desgraçada. Não, não é mulher da minha vida. Eu a odeio com todo meu amor... Paguei a serra malte e caí fora.

Mochilas pesadas, minhas costas doem. Chego no botecão da esquina da minha rua, passo reto. De orelhada escutei uma conversa, parece que um ladrão sangue no zóio foi passado na bala. Que se foda. Chego no hotel.

A Gorda nem esperou eu passar a porta e já me veio contar as parada. Sei lá qual é a dela. Larguei falando e fui para meu quarto. Guardei a maquina de escrever, joguei as mochilas na cama, fucei os bolsos delas, fui pegando a grana deles. Peguei mais algum da minha carteira e dos bolsos da minha calça, juntei tudo que sobrou, contei. Beleza; Dava pra pagar minha conta com o Pelão. Abri a janela pra sair o cheiro de mofo do quarto. Era fim da manhã. Boate fechada.

Ainda restava alguns desqualificados da noite, vagando pela rua, misturando-se com os caras do pó, ladrão, puta e viciados em crack. Olhando aquilo um pensamento me fuzilou a mente:

Voltar pra que?



25.4.10

A LENDA DO COVEIRO ALEMÃO by...



TEOREMA E UM SOLO DE LESLIE WEST...















Três de dezembro:

Samba na esquina... Uma pá de ladrão junto, fazendo churrasco e barulho, dando risada e uma gostosa na roda sambando. Posso ver daqui da janela do quarto, como samba gostoso a safada. Pelo menos o movimento quebra o silêncio estranho dessa City.

Mas o que tem em três de dezembro?

Nada e depois a chuva.

Antes dele e depois também não tem nada. Todos os retratos estão virados de costas, todas as fotos foram rasgadas e a única lembrança que tenho é a de que meu conhaque ta acabando. Preciso ir comprar. No mais, algumas lembranças não valem meia garrafa de Dreher...

Passo margarina no cabelo e nunca decido qual é a hora de parar esse relógio ao contrário, que me impele pro meio do caos, pro meio do vazio, bem pro meio do furacão...

Nada acontece.

Só os peixes do aquário que ainda insistem em achar que tem mais coisas além dos vidros. Ficam ali, me encarando como se a culpa deles serem peixes de aquário fosse minha.

Meu relógio parou.

Meu cabelo cresceu.

Eu estou vivo.

Isso deveria significar algo.

Pra mim não significa nada.

Como aveia&banana.

Como um pedaço do cadarço da bota com um pouco de pimenta.

Palito os dentes com uma agulha suja e penso que morrer seria muito bom. Mas não ainda, não agora. Antes, quero ver se você tem a manha de cruzar aquela porta, sua fedorenta.

Da janela do meu quarto, vejo a gostosa dançando no samba dos ladrão... e meu relógio ao contrário “cit, cat, cit, cat”, doido pra me empurra pra mais confusão...



24.4.10

22.4.10

O PARADIGMA DO NORMAN BATES INCOMPETENTE...














Claridade cinza da manhã me fodendo os olhos... A cabeça, parece que vai explodir e de dentro dela sair um dragão, desse enormes , soltando fogo, e engolisse, junto com a asma, a minha falta de carater. Pior; Ver do lado da cama essa mulher...

Porque eu ando com essas tranca-rua? Porque faço isso? Que merda!

Acendo um cigarro, vejo meu baixo alí no case. Não sei porque mas desvio o olhar dele. Vou a janela. Se eu fosse babaca até cairia no conto da “paz” e da “tranquilidade”. Mas conheço bem essa City e já faz um tempinho que não caio em conto nenhum, de reza nenhuma...

De dentro de mim vem um sentimento, mais que isso, quase que um pedido clemente;

Deveria apodrecer bem lentamente por tudo que fiz nessa porcaria de vida. Alguém deve estar me atendendo...

Fui até a geladeira, peguei lá um resto, fundo de garrafa de um vinho que creio eu, também deve ter tido lá, seus dias de glória. Na minha garganta agora, seu gosto era vinagre puro. Volto, sento na amada poltrona, apago o cigarro e olho para a mulher dormindo, roncando de bunda pra cima, babando no travesseiro. Estico as pernas do meu jeans rasgado nos joelhos e penso no chato do poeta do Metrô, sua cartola e seus versinhos roubados. Acho que é isso:

Preciso urgentemente de um chapéu pra me transformar no idiota perfeito e sair por aí, decorando paredes com urina e regurgitando as palavras bonitas que aprendi num momento de esquecimento. Ah pra porra!

Não tenho mais pudor em dizer...

Carmela:

Você é a puta mais feia que existe nesta bosta de rua, nesta merda de mundo, nesta solidão maldita!!!



19.4.10

LEONOR VAI PARA O CÉU by...



14.4.10

ORTODOXIAS, CIBALENAS E UMA SINFONIA MUDA...











Calma, paz, tranquilidade, até os fins de tarde, da pra dizer bichisticamente, estão “Ermos”. Qual é cara...

Nada disso tem a ver com essa city. Até os pulhas que a habitam estão com uma aparência quase que... “normal”. Isso não é bom. Seria se esse lixo fosse Estocolmo, Bratslava, ou Lion. Mas aqui é a City. Esse aparente sossego é o que há de mais perigoso.

Também, sei lá eu que diacho é perigoso aqui. Não tenho mais direito ao medo isso é ruim. Pra sobreviver nessas quebradas tem que ser forte o tempo todo e isso cansa. Liguei o rádio...

O locutor da City manda seus funks, seus toques e suas sentenças. Cara foda esse. Ninguém nunca viu sua cara, nem sabe de onde veio. Normal... Nada se sabe ao certo por esses lados e isso me intriga; Esse locutor sabe de tudo!

Parliament na rádio, ruas desertas, silêncio na City. Dia é frio. A boate mantém seu movimento e sua janela segue semi-aberta. Fico com a impressão de que a city toda está esprimida alí dentro. Sei lá...

Via das dúvidas, peguei minha mochila e minha máquina. Juntei uns trocados, meti no bolso, dei o do mês pra Gorda a síndica e caí pra estrada. Dar um rolê. Quando o kaos voltar, to na área.

Nem sempre é bom ser laico...



13.4.10

Neusona, a musa by...





DESCARTES NA MESA DE POKER E A FÁBULA DOS IDIOTAS INTRÍNSECOS... uma ode aos tipinhos desqualificados.














Insônia da porra!

Mas também, dormir pra que? Descansar pra preservar o que? Tudo nessa City é podre! Porque haveria de ser diferente com meu pulmão, fígado, rim... Que se foda! Noite fria, 22 da noitada, garoão pegando pesado. Depois da decadência nem o tempo é o mais o mesmo nesse inferno...

Apertei o pause do dvd. Assistia “Rude Boy” pela milionésima vez. Dei uma olhada pela janela e o neon cafona da minha vizinha Boate Xangai piscava forte. Tirava um sarro da minha cara, meio que me desafiava, me chamava... Não sou de afinar. La fui eu.

Galera do bem, não pago entrada e o Pelão segura meus goró no nosso esquema, pago depois. Sentei no canto do balcão, onde da pra ficar jogado com as costas na parede e o pé no outro banco. Só aí eu saquei que tava de chinelo. “Porra, no puteiro de chinelo!? - É o fim...” - Pensei comigo...

Fala ae cara feia, vai tomar aquele campary?”

To duro Pelão.”

Novidade...” - Falou gargalhando, enquanto colocava um copo no balcão. Pegou a garrafa, serviu uma dose farta, deixou um cinzeiro no jeito e foi pro corre da noite.

Dei uma olhada no movimento e parei num tipinho, numa racinha que vira e mexe pia por lá pela quebrada. Era o Rafinha...

Cara eu não sei o que me irrita mais; O cão, sangue no zóio que ta no corre certo da vida errada mas, quer ser “bonzinho” e “aceito socialmente” ou o playba babaca, menino bem criado, filho de pai rico que sonha com a bandidagem, com a marginália e quer ser “marginalmente aceito”. Tipico embate:

Culpa x Deslumbre.

Culpa, por parte do cão, sangue no zóio. Ladrão incompetente, bandido trouxa. Não tem nada pior no crime do que “Assaltante Max Weber”, “Sequestrador Karl Marx”, “Justiceiro, matador Sofista!!!” Mano...

No mundo cão não da tempo pra perder com essas parada, não.

Um banco é 7 minutos, num sequestro, no máximo 10 dias sem mostrar a cara... Ae o tonto faz uma burguesinha e não se liga que a mina não se apaixonou pela rola mas sim pela sua 9 milimetro e seu carro sem placa mas, importadão e do ano. Aí em duas semana ta jantando com o pai da burguesinha, fazendo acordo com os cana e entregando a rapaziada toda. Quando se sentir “regenerado” vai tomar um chifre e uma bica da burguesinha, porque aí num tem mais o “charme”.

E no primeiro boteco que parar pra afogar as magoa na cachaça os irmão vão aparecer pra cobrar e aí, Paulo Vanzolini mermão; Final do samba classico “Ronda”...

E o deslumbrado? Esse é a pior besta que tem!

Geralmente, filho de pai rico. Na city não é dificil saber, depois da decadencia não passam de 15, os donos da fortuna. Aí é o seguinte; Playba, tem de tudo, mamãe sempre atenta no que faltar, papai garantindo as cagada que o babaca vai fazendo e a vida começa ficar monótona. Depois rola uma festa, pinta um pó, vagabundo gosta, vai atrás, bom comprador, os cão só passam do bão e rapidinho, vira isca de boca.

Na sequencia descola um “passador privê” (Bacana gosta de pó mas não curte boca), vira “amigo” do carinha, começa colar com ladrão e se deixa seduzir pelo que ele acha que é o “poder”... TROUXA!!! Pensa que Bandido é “amiguinho”... Bandido bão, dos elite num é amigo de ninguém, mané! TROUXA!!!! Otário pensa que o crime é uva! Que da pra chupar que é docinho... TROUXA!!! Ve na tv que “tal traficante é perigosissimo”... Alguém conhece traficante de 60 anos? 50 anos? 40 de idade, vá... Cita um ae:

...

Claro que não. Bandido da ralé, pé de chinelo que não passa dos 30 rapá. Nessa idade, vão passar o cara ou pra tomar sua boca, ou pra cobrar as parada errada da vida torta dele. Se ta atrás de pexão, num é na boca de fumo que vai achar. Mas burguês é uma merda...

Quando tem um cadinho de informação, acha que tudo é “estético” como no cinema; Um ótimo filme do Don Siegel, DIRTY HARRY e sua poderosa Magnum 44. Vá... Vá dormindo nesse barulho... Manda ele cair pra quebrada com aquela porra de 5 tiros no tambor pra ele ver... Vai tomar festival de sapêco de ponto 40, até umas hora!! Ma ae que tá...

O burguês admite o crime na arte. Caravaggio era ladrão, assassino, bebado e matador? “Nãooooooo... puta pintor!” Neal Cassidi era um lixo? “Po escreveu o primeiro terço”. Vendia até sangue dos irmão, literalmente!! pra comprar heroína. Bukowski era um bebado mala? “Mó cronista da américa”. Dois porre que ele tomasse aqui na city e a obra dele seria devidamente abreviada... Mas bicho:

Foda-se o que o cara faz da sua vida! Burguês, ja passou pela sua cabeça que o cara pode ser bebado, mala, tranqueira, caloteiro e genial?? Se a sua arte é de qualidade tem que ser admitida. E porque não, a bandidagem em suas vidas reais? Só adimite o Rimbaud até ele guardar o cu pro Verlaine?

Se liga burguês! Tem que ser politicamente correto em tudo, porra?! Acorda mané! Se sacode! Olha o mundo que ce tá vivendo seu paguá de merda!

"Politicamente correto" na city é o cano da novemeióta do carcará, seu trouxa!

Rafinha chegou na boate... Deu com a mão de aceno pra todo mundo, distribuindo grana e papelote, dizendo que fez a boua. Pelão deixou uma garrafa de uisque na minha frente:

Ta louco Pelão?? Num tenho uma moeda, bro...”

Relaxa cara feia, o mané chegou. Hoje ele vai pagar o seu campari, esse uisque, sua conta comigo... Serve pra isso, né não? Bebe ae...”

Bebi. Um brinde ao amigo dos ladrão!

Veio pro meu lado:

Ó o poeta ae...”

Não faço isso não, mano” - Respondi

Gostei dessa chinela”

Dia que ce precisar eu te dou uma”

Gargalhou alto, com duas puta a tira colo me dando as costas. Beleza. Acendi o cigarro e fiquei na minha. Meu lado, nisso? Meu lado é o lado de cá do balcão, bem no canto...

La pelas tanta, matei o uisque. Falei com Pelão e ele deu um toque pra segurança me liberar a saída. Na calçada, vi um Camaro 1970, preto estacionando. Era da rapaziada da baixada da city. Galera que comandava o movimento por lá. Estranho, nunca subiam. Atravessei a rua, fui tentar dormir. Acho que consegui.

Velho relógio avisa: 11:16 da matina. Pulei da cama e me ajeitei pra ir a caminho da Fabrica. Na saída, vi uma aglomeração. A sindica gorda deu o serviço:

Povo la da baixada veio cobrá aquele praiba lá o rafinha. Diz que ele vendeu pó royal la no território dus cara. Sentaro aço nele...”

Fazer o que né Gorda? Porra, esquecendo a minha mochila...”

Subi, peguei a bicha e passei pela aglomeração. Jornal em cima do presunto até o IML colar, Rafinha, lá, cravejado de bala, sem camisa e descalço. Abri a mochila, saquei da minha chinela e joguei em cima do presunto.

Pode ser que pra onde ele vá, o chão seja frio...




10.4.10

WELL, WELL, WELL... SAI DA FRENTE QUE TO CHEGANDO...
























Quem é o The Vox? Não se sabe absolutamente NADA sobre sua identidade original. Vez por outra, invade A FABRICA para falar alguma coisa da city e botar pra quebrar via sua RADIO XANGAI. Sempre que invade, tem um recado, algo a dizer. E o que será dessa vez?? Ouçam:


A CITY by THE VOX

9.4.10

TESTE ÁCIDO DO SUCO ANFETAMINICO FOLK'N SOUL só pra contrariar o Hayes...


















Porque ela gostava tanto de trepar ouvindo essa balada?

Dizia que via anjos... Ah pra porra, que coisa mais cafona! Brega!

Ela transava comigo, gozava comigo, dizia que me amava e via “anjos”... Mas de olhos fechados e pensando na música do negão?? Grande Hayes! Tu é mesmo, O Cara!

E esse anjo?? Como seria eu, por exemplo, de anjo? Na City? Pss.... Paia.

Da pra ver; Um anjo perdendo as penas das asas e caindo, raspando o joelho no chão duro, do asfalto quente. Do outro lado da rua, ela assiste tudo, sentada sujando seu x-qualquer coisa com maionese e catchup. Mas o refri é diet!!

Walk On By...

Alguém foi embora. Porque haveria de ficar nessa porra também?? As coisas estando certas, em seus devidos lugares, que mais precisa ser feito? Mas estão nos seus lugares??

Entra uma orquestra...

Ela com um vestido vermelho, dando uma de Jessica Rabbit. Ver seu corpo deslizando suave, refletido pelo brilho dos tacos – que belo piso tem a boate, deve ser cera canário -, só aumenta a distância, a solidão enquanto despacho o meu corpo cansado e maltratado, cheirando a desodorante “Très Bruit de Marchand” vencido, pela porta à fora, pela city & suas sombras que atendem por nomes curtos e desdentados.

Solidão barulhenta e harmoniosa e eu, anjo, fico de saco cheio. Quero ir embora, voar mas faltam penas nas asas, o voo fica rasteiro, rente ao chão, cego, não ultrapassa as janelas da sacada da Boate Vizinha...

Poderia ter um final feliz mas não concordo com essa "felicidade de plano de capitalização" chegando só agora. Não daria certo.

Não existe linhas de onibus para o céu, Isaac Hayes...


8.4.10

SIX BULLETS IN GOLD BLACK PUSSY THAT HEARING THE SOUND “BLUES WALK”; All the fault of Lou Donaldson.






















É dificil explicar porque se acha “tal noite linda” na City. Nada é lindo nesse lixo, dizer isso soua sem sentido algum. Mas eu também já toquei o foda-se para os sentidos jazia muito tempo.

Fato é que naquelas 22:55 da noite, achei que a noite tava linda.

Fechei meu livrinho do Deleuze. Eu só leio Deleuze quando não tenho absolutamente porra nenhuma pra fazer, o que não era o caso. Saquei de um cigarro do maço de Camel e fui fumar na janela de meu hotelzinho chinfrim. De lá via Boate do outro lado da rua. Fervendo!

Gente pra cacete, falatório, barulho da porra daquelas caixas de som mal equalizadas. Tocava um Odair José, jóiiiaaa; “Vamos fazer dessa noiteee... a noite mais linda do mundooo...” Até fila pra entrar tava rolando. Ah... Decidi enfiar uma calça, meter o all star no pé, pegar o meu ipod e descer. Sim, ipod; Eu devo ser o único (ou um dos poucos caras...) que vai em boate com ipod e fone socado nos ouvidos, bem alto! Nada contra o Odair. Me parecia até um cara legal.

Rapidamente estava atravessando a rua. Ulisses o segurança, segurava a fila no berro. Não da pra ser gentleman na city depois das 23 horas... Me viu e falou:

“Fala ae cara-feia... Vai entrando...”

Entrei.

Casa fervilhando de gente. Peão de obra, balconista de boteco em dia de folga, metalurgico fugindo da mulher, playba atrás de um bom pó, gringo e o diabo todo. As putas, todas de sainha, calcinha e shortinho. Conhecia todas mas apenas uma me tirava o juízo e vez por outra, algumas pratas que eu ganhava:

Neusona...

Que crioula era neusona!!!

A nega era grande; Mais de 1,80 de altura. Fortona, costas largas, peituda, cinturinha 42 e bundona imensa, linda, redondona mesmo. Toda durinha, a preta era só músculo, um tronco! Fodia como se o fulano fosse o último cliente da face da City. Como se fosse as suas últimas cem pratas faturadas na cabeça da rola alheia. Gostosa... Nega rebolava no pau que era uma coisa. E de quatro?

Tem uns babaca ae que acham umas ruínas gregas e umas pirâmide no meio do nada, “maravilhas do mundo”... Para mim, a maior maravilha do mundo era a Neusona de quatro. Que cu era aquele??! Empinadão, duro e aquela cara de safada dela te falando... “Vem logo que vai acabar seu tempo, hein...” Puta que pariu!!

Lamber aquele bucetão vermelho era o meu estado de nirvana!

Que vontade de ser um negrão desencanado!

Ela veio.

Me beijou com a boca de contini e saiu fora com um playba branquelão. Cara, nada me deixa mais puto que uma negona daquelas pagando pau pra branquelo playboy. Ainda mais Neusona. Caralho! Que porra passa pela cabeça dessa crioula?

Cadillac rosa, casaco de couro. Qualé a dela??

Ela pode ter isso e um pauzão pronto pra ação, mas foi lá, dar uma de dondodca com o branquelo. Agora é com ela. Não posso mais livrar a cara da preta.

Foda, Neusona, você é foda.

Triste a coisa toda ter de acabar assim, mas foi você que escreveu o “gran finalle”. Neusona minha deusa, a era do jazz tem muito barulho, cachaça e putaria, mas eu tenho cá meus princípios. Mandei fazer umas balas de ouro.

Afinal, você merece certos mimos...



5.4.10

SPEEDBALL! E UM ROLÊ PELO LADO SELVAGEM DA COISA CUJA EXISTÊNCIA, LOU REED NÃO FAZ IDÉIA...

























Velho ritual?

Descer a boca do crack na sola do all star, passar pelos pedrinhas, pelos botecos risca-faca, pelos camelôs, tacar mochila por cima do muro da estação de trem e, com cuidado cirurgico, acertar com ela, um monte de lixo cheio de mosquitos do outro lado. O cheiro era infernal mas pelo menos não estrupiava a malhada maquina de escrever. Depois pulava o mesmo muro e resgatava a velha lettera 82. Atravessava os trilhos abandonados rumo ao buraco no outro muro.

Passava por ele, abria o galpão e chegava na Fábrica. Impressionante como, a cada dia, o bairro tá mais fodido. A City toda acompanha o progresso que a gente faz aqui, em cada vielinha, em cada esquina... Meto a mão na mochila, saco a lettera, uma garrafinha de uisque vagabundo “esquema by Pelão...”, dou um gole. Fuço nos detonados armários de metal, escolho um disco da Blue Note e deixo rolar. Acendo o cigarro, reclino a cadeira e fico esperando a música e a atmosfera podre fazerem seu trabalho sujo. Penso em qual trampo vou fazer.

Isso, muitas vezes, leva todo o tempo.

Turquia!!”

...

Escutei uns berros no outro galpão, onde ficava os mendingos, os vagabundos, os moradores de rua e os pedrinhas chapados de crack. Fui dar um confere:

Turquia!!” - Cuspiu um branquelo com sangue no zóio

Porra, precisa gritar tão alto?!” - Reclamou um brancão que tinha tinha uma bela .765 na cinta.

Bom pelo que saquei, a brincadeira, ou acerto de conta (Na City, uma vida vale a mesma merda em ambas situações...) era o seguinte: O Canhão passava de mão em mão; O maluco da vez, o que estava com o “cano” dentro do buraco do ouvido, tinha que falar um lugar, uma cidade. Pelo que saquei, quem falasse o lugar mais perto de Nápoles dançava. Tava fodido. Virava um presunto com um buraco no meio da testa. Então o pessoal de casacão, o lourão e o outro moreno magrinho, com cara de débil mental – porra, casacão em pleno verão!? -, levaria o presunto, em sinal de respeito, acho, até o local que o falecido falou e enterravam por lá. Essa era a ideia.

Criativo – Pensei comigo – Mas será que algum deles sabe onde fica Napoles?”

Tonto eu... Na verdade, o papo de ficar ou não perto de Nápoles não queria dizer porra nenhuma. Vai ver que Nápoles era aquela merda de pizzaria daquele italiano mão de vaca que preferia jogar fora as sobras de comida ao invés de dar pros mendingos.

Os que iam se foder eram cinco; Um preto boca suja, um braquelo metido a bonzão e três orientais, chinas, como a gente chama os desgraçados. Sei lá eu quais os lugares que os chinas falaram. Não entendo lhufas de chinês, e, pelo visto, nem os malucos de capotão, então a coisa ficou entre o preto e o branco.

Turquia” - o branquelo cuspiu com bastante sangue, agora entre os dentes

O negão disparou um “vai tomar no cu filha da puta” com todo ar que tinha nos pulmões. Pelo jeito acertou de primeira o passado da mãe do moreno magrela, fato que o desagradou um pouco. Mirou na cabeça e deu...

Foi um tiro certeiro, coisa fina mesmo essa .765. O barulho do estampido, o buraco da bala entrando e saindo, arrancando o pouco que o negão tinha na cabeça, ficou lá, grudado na parede. Ficou mesmo bacana. Parecia uma pichação. Coisa de quem sabe aguentar o tranco duma pistola daquelas.

Voltei para minha sala velha, virei o lado do disco, acendi outro Camel, reclinei na cadeira, fechei os olhos e pensei:

Quero ver enterrar...”