27.4.10

A VOLTA DA INCANSÁVEL ORDEM TEMPLÁRIA DA SEITA DO ALL STAR DE SOLA GASTA...























De dentro do trem já sinto o cheiro de carbono, misturado com enxofre, com mijo... O céu é cinza, nem urubu encara. Os mesmos rostos de zumbis derrotados andando pra lá e pra cá, cada qual atras do seu vagão da morte; Era a volta para a City.

Não sei quantos dias fiquei fora. Não lembro o nome das vadias que andei, dos lugares onde fui, dos bares onde tomei meus inúteis porres. Pra mim o tempo não existe. Nada mais existe de fato. As coisas são todas descartáveis. Não sei porque mas, apenas dou um jeito de ficar vivo. O trem para. Desço.

Troca de cotoveladas de lei; Quem entra empurra quem sai e quem sai, passa por cima de quem quer entrar na porra do trem. De algumas conveniencias eu gosto; Mirei um e desci o braço. Pronto; To mais ou menos vingado. Vingado...

Saí da estação e andei rapidinho. Na baixada... Não é minha quebrada não é bom ficar de vacilo. Subi a rua do cemitério. Nas antigas, era um lugar chique. Agora era lixo a céu aberto e o cheiro insuportável me ajudava a andar rápido. Ainda havia na cidade um território habitável; A área dos 15 bacanas que sobraram após a decadência. Era campo minado. Quem era da quebrada não entrava alí. Muito menos namorava suas filhas. Era a lei da pedra na City. E eu idiota acreditei que ela ia encarar...

Parei num boteco, já na minha área... La estava eu, me pegando em lembrar daquela desgraçada. Não, não é mulher da minha vida. Eu a odeio com todo meu amor... Paguei a serra malte e caí fora.

Mochilas pesadas, minhas costas doem. Chego no botecão da esquina da minha rua, passo reto. De orelhada escutei uma conversa, parece que um ladrão sangue no zóio foi passado na bala. Que se foda. Chego no hotel.

A Gorda nem esperou eu passar a porta e já me veio contar as parada. Sei lá qual é a dela. Larguei falando e fui para meu quarto. Guardei a maquina de escrever, joguei as mochilas na cama, fucei os bolsos delas, fui pegando a grana deles. Peguei mais algum da minha carteira e dos bolsos da minha calça, juntei tudo que sobrou, contei. Beleza; Dava pra pagar minha conta com o Pelão. Abri a janela pra sair o cheiro de mofo do quarto. Era fim da manhã. Boate fechada.

Ainda restava alguns desqualificados da noite, vagando pela rua, misturando-se com os caras do pó, ladrão, puta e viciados em crack. Olhando aquilo um pensamento me fuzilou a mente:

Voltar pra que?



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