13.4.10

DESCARTES NA MESA DE POKER E A FÁBULA DOS IDIOTAS INTRÍNSECOS... uma ode aos tipinhos desqualificados.














Insônia da porra!

Mas também, dormir pra que? Descansar pra preservar o que? Tudo nessa City é podre! Porque haveria de ser diferente com meu pulmão, fígado, rim... Que se foda! Noite fria, 22 da noitada, garoão pegando pesado. Depois da decadência nem o tempo é o mais o mesmo nesse inferno...

Apertei o pause do dvd. Assistia “Rude Boy” pela milionésima vez. Dei uma olhada pela janela e o neon cafona da minha vizinha Boate Xangai piscava forte. Tirava um sarro da minha cara, meio que me desafiava, me chamava... Não sou de afinar. La fui eu.

Galera do bem, não pago entrada e o Pelão segura meus goró no nosso esquema, pago depois. Sentei no canto do balcão, onde da pra ficar jogado com as costas na parede e o pé no outro banco. Só aí eu saquei que tava de chinelo. “Porra, no puteiro de chinelo!? - É o fim...” - Pensei comigo...

Fala ae cara feia, vai tomar aquele campary?”

To duro Pelão.”

Novidade...” - Falou gargalhando, enquanto colocava um copo no balcão. Pegou a garrafa, serviu uma dose farta, deixou um cinzeiro no jeito e foi pro corre da noite.

Dei uma olhada no movimento e parei num tipinho, numa racinha que vira e mexe pia por lá pela quebrada. Era o Rafinha...

Cara eu não sei o que me irrita mais; O cão, sangue no zóio que ta no corre certo da vida errada mas, quer ser “bonzinho” e “aceito socialmente” ou o playba babaca, menino bem criado, filho de pai rico que sonha com a bandidagem, com a marginália e quer ser “marginalmente aceito”. Tipico embate:

Culpa x Deslumbre.

Culpa, por parte do cão, sangue no zóio. Ladrão incompetente, bandido trouxa. Não tem nada pior no crime do que “Assaltante Max Weber”, “Sequestrador Karl Marx”, “Justiceiro, matador Sofista!!!” Mano...

No mundo cão não da tempo pra perder com essas parada, não.

Um banco é 7 minutos, num sequestro, no máximo 10 dias sem mostrar a cara... Ae o tonto faz uma burguesinha e não se liga que a mina não se apaixonou pela rola mas sim pela sua 9 milimetro e seu carro sem placa mas, importadão e do ano. Aí em duas semana ta jantando com o pai da burguesinha, fazendo acordo com os cana e entregando a rapaziada toda. Quando se sentir “regenerado” vai tomar um chifre e uma bica da burguesinha, porque aí num tem mais o “charme”.

E no primeiro boteco que parar pra afogar as magoa na cachaça os irmão vão aparecer pra cobrar e aí, Paulo Vanzolini mermão; Final do samba classico “Ronda”...

E o deslumbrado? Esse é a pior besta que tem!

Geralmente, filho de pai rico. Na city não é dificil saber, depois da decadencia não passam de 15, os donos da fortuna. Aí é o seguinte; Playba, tem de tudo, mamãe sempre atenta no que faltar, papai garantindo as cagada que o babaca vai fazendo e a vida começa ficar monótona. Depois rola uma festa, pinta um pó, vagabundo gosta, vai atrás, bom comprador, os cão só passam do bão e rapidinho, vira isca de boca.

Na sequencia descola um “passador privê” (Bacana gosta de pó mas não curte boca), vira “amigo” do carinha, começa colar com ladrão e se deixa seduzir pelo que ele acha que é o “poder”... TROUXA!!! Pensa que Bandido é “amiguinho”... Bandido bão, dos elite num é amigo de ninguém, mané! TROUXA!!!! Otário pensa que o crime é uva! Que da pra chupar que é docinho... TROUXA!!! Ve na tv que “tal traficante é perigosissimo”... Alguém conhece traficante de 60 anos? 50 anos? 40 de idade, vá... Cita um ae:

...

Claro que não. Bandido da ralé, pé de chinelo que não passa dos 30 rapá. Nessa idade, vão passar o cara ou pra tomar sua boca, ou pra cobrar as parada errada da vida torta dele. Se ta atrás de pexão, num é na boca de fumo que vai achar. Mas burguês é uma merda...

Quando tem um cadinho de informação, acha que tudo é “estético” como no cinema; Um ótimo filme do Don Siegel, DIRTY HARRY e sua poderosa Magnum 44. Vá... Vá dormindo nesse barulho... Manda ele cair pra quebrada com aquela porra de 5 tiros no tambor pra ele ver... Vai tomar festival de sapêco de ponto 40, até umas hora!! Ma ae que tá...

O burguês admite o crime na arte. Caravaggio era ladrão, assassino, bebado e matador? “Nãooooooo... puta pintor!” Neal Cassidi era um lixo? “Po escreveu o primeiro terço”. Vendia até sangue dos irmão, literalmente!! pra comprar heroína. Bukowski era um bebado mala? “Mó cronista da américa”. Dois porre que ele tomasse aqui na city e a obra dele seria devidamente abreviada... Mas bicho:

Foda-se o que o cara faz da sua vida! Burguês, ja passou pela sua cabeça que o cara pode ser bebado, mala, tranqueira, caloteiro e genial?? Se a sua arte é de qualidade tem que ser admitida. E porque não, a bandidagem em suas vidas reais? Só adimite o Rimbaud até ele guardar o cu pro Verlaine?

Se liga burguês! Tem que ser politicamente correto em tudo, porra?! Acorda mané! Se sacode! Olha o mundo que ce tá vivendo seu paguá de merda!

"Politicamente correto" na city é o cano da novemeióta do carcará, seu trouxa!

Rafinha chegou na boate... Deu com a mão de aceno pra todo mundo, distribuindo grana e papelote, dizendo que fez a boua. Pelão deixou uma garrafa de uisque na minha frente:

Ta louco Pelão?? Num tenho uma moeda, bro...”

Relaxa cara feia, o mané chegou. Hoje ele vai pagar o seu campari, esse uisque, sua conta comigo... Serve pra isso, né não? Bebe ae...”

Bebi. Um brinde ao amigo dos ladrão!

Veio pro meu lado:

Ó o poeta ae...”

Não faço isso não, mano” - Respondi

Gostei dessa chinela”

Dia que ce precisar eu te dou uma”

Gargalhou alto, com duas puta a tira colo me dando as costas. Beleza. Acendi o cigarro e fiquei na minha. Meu lado, nisso? Meu lado é o lado de cá do balcão, bem no canto...

La pelas tanta, matei o uisque. Falei com Pelão e ele deu um toque pra segurança me liberar a saída. Na calçada, vi um Camaro 1970, preto estacionando. Era da rapaziada da baixada da city. Galera que comandava o movimento por lá. Estranho, nunca subiam. Atravessei a rua, fui tentar dormir. Acho que consegui.

Velho relógio avisa: 11:16 da matina. Pulei da cama e me ajeitei pra ir a caminho da Fabrica. Na saída, vi uma aglomeração. A sindica gorda deu o serviço:

Povo la da baixada veio cobrá aquele praiba lá o rafinha. Diz que ele vendeu pó royal la no território dus cara. Sentaro aço nele...”

Fazer o que né Gorda? Porra, esquecendo a minha mochila...”

Subi, peguei a bicha e passei pela aglomeração. Jornal em cima do presunto até o IML colar, Rafinha, lá, cravejado de bala, sem camisa e descalço. Abri a mochila, saquei da minha chinela e joguei em cima do presunto.

Pode ser que pra onde ele vá, o chão seja frio...




2 comentários:

Isabel disse...

Uauuuuuuuuuu... Gostei desse conto meio bandido. A tese do persnagem também é de se pensar... esse lance de marginalidade e tals... muito bom conto mesmo. E tadinho do moço... rss

Ramirez disse...

Meu que du caralho esse The vox... kkkkkkkk... Ele meil que complementa a parada. Eu ja tinha lido o conto e ouvido o som latino e ae voltei pra saber qual era a do vox e meuuuu.. que transe loko... kkk. O Vox é o fodão da city e véio... "Malandro que vacila doua sangue pra vampiro..." kkkkkkk muito bão mesmo!!