25.4.10

TEOREMA E UM SOLO DE LESLIE WEST...















Três de dezembro:

Samba na esquina... Uma pá de ladrão junto, fazendo churrasco e barulho, dando risada e uma gostosa na roda sambando. Posso ver daqui da janela do quarto, como samba gostoso a safada. Pelo menos o movimento quebra o silêncio estranho dessa City.

Mas o que tem em três de dezembro?

Nada e depois a chuva.

Antes dele e depois também não tem nada. Todos os retratos estão virados de costas, todas as fotos foram rasgadas e a única lembrança que tenho é a de que meu conhaque ta acabando. Preciso ir comprar. No mais, algumas lembranças não valem meia garrafa de Dreher...

Passo margarina no cabelo e nunca decido qual é a hora de parar esse relógio ao contrário, que me impele pro meio do caos, pro meio do vazio, bem pro meio do furacão...

Nada acontece.

Só os peixes do aquário que ainda insistem em achar que tem mais coisas além dos vidros. Ficam ali, me encarando como se a culpa deles serem peixes de aquário fosse minha.

Meu relógio parou.

Meu cabelo cresceu.

Eu estou vivo.

Isso deveria significar algo.

Pra mim não significa nada.

Como aveia&banana.

Como um pedaço do cadarço da bota com um pouco de pimenta.

Palito os dentes com uma agulha suja e penso que morrer seria muito bom. Mas não ainda, não agora. Antes, quero ver se você tem a manha de cruzar aquela porta, sua fedorenta.

Da janela do meu quarto, vejo a gostosa dançando no samba dos ladrão... e meu relógio ao contrário “cit, cat, cit, cat”, doido pra me empurra pra mais confusão...



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